Marietta Baderna — A bailarina que virou sinônimo de “bagunça”

Quem foi Marietta Baderna?
Marietta Baderna (também chamada Maria Baderna), nasceu em 5 de julho de 1828 na cidade de Castel San Giovanni (Piacenza), Itália. Proveniente de família com convicções republicanas (seguidores de Mazzini), estreou como bailarina ainda jovem, aos 12 anos, no Teatro alla Scala de Milão. Ainda adolescente, atuou em Londres, no Covent Garden, com destaque para coreografias de Blasis.
Em 1849, aos 21 anos, emigrou para o Brasil com seu pai, apresentando-se no Rio de Janeiro, no Teatro São Pedro de Alcântara (atual João Caetano). Sua dança, uma fusão de balé clássico e ritmos afro-brasileiros (lundu, umbigada, cachucha), conquistou plateias e chocou a elite.
O escândalo e a origem da palavra “baderna”
Os shows de Baderna atraíram um público efusivo — formado por trabalhadores, escravizados e jovens — que rompia com o comportamento tradicional de silêncio, batendo palmas e pés, gritando, protestando. Esses fãs ficaram conhecidos como “badernistas” ou “baderneiros”, e logo o sobrenome da bailarina virou sinônimo de “confusão”, “bagunça”.
Sua luta como figura transgressora
Marietta se tornou símbolo de resistência cultural e social. Ao introduzir danças africanas nos teatros e dançar ao ar livre com escravizados, enfrentou boicotes e restrições da sociedade conservadora. Mesmo enfrentando pressões racistas e moralistas, ela manteve sua postura e, após os palcos, se dedicou ao ensino da dança e fundou família no Brasil
Legado e homenagens
- Foi aposentada dos palcos em 1871, mas continuou ensinando dança até 1889.
- Faleceu em 3 de janeiro de 1892, no Rio de Janeiro, deixando quatro filhos: Antonio, Henriqueta, Fanny e Mario.
- Seu talento e rebeldia foram celebrados no Carnaval 2025, quando a União da Ilha a homenageou no enredo “BA‑DER‑NA! Maria do Povo” .
📝 Por que contar essa história?
Marietta Baderna é um exemplo marcante de como a arte pode ser agente de transformação social. Isso se encaixa perfeitamente na missão do blog Família Rolim: resgatar e valorizar a memória de pessoas que, mesmo sem árvore genealógica tradicional, influenciaram sua época e deixaram marcas na cultura e na linguagem.