Judeus Sefarditas: Quem São e Como Pesquisar Sua Ascendência

Você já ouviu falar em judeus sefarditas? O termo se refere aos descendentes dos judeus que viveram na Península Ibérica — Portugal e Espanha — até o final do século XV, quando foram expulsos ou forçados a se converter ao cristianismo.
Hoje, muitas pessoas buscam suas raízes sefarditas não apenas para resgatar a história familiar, mas também para solicitar cidadania portuguesa ou espanhola, já que esses países possuem leis específicas para descendentes comprovados.
1. Quem são os judeus sefarditas
- A palavra sefardita vem de Sefarad, nome bíblico para a Península Ibérica.
- Entre os séculos XV e XVI, milhares de judeus foram expulsos de Portugal e Espanha ou convertidos à força, tornando-se os chamados cristãos-novos ou “marranos”.
- A diáspora sefardita se espalhou pelo Norte da África, Mediterrâneo, Oriente Médio, América do Sul e do Norte, além de outras regiões da Europa.
2. Sobrenomes Sefarditas Frequentes no Brasil
Essa compilação é baseada em fontes atualizadas e estudos genealógicos que identificam sobrenomes comuns entre descendentes sefarditas no Brasil:
Listas populares (Decreto-lei português e fontes brasileiras):
Abrantes, Aguilar, Almeida, Álvares, Amorim, Andrade, Avelar, Azevedo, Barros, Basto, Belmonte, Brandão, Bravo, Brito, Bueno, Cáceres, Caetano, Campos, Cardoso, Carneiro, Carvalho, Castro, Crespo, Coutinho, Cruz, Dias, Dourado, Duarte, Elias, Estrela, Ferreira, Fonseca, Franco, Furtado, Gaiola, Gato, Gomes, Gonçalves, Gouveia, Granjo, Guerreiro, Henriques, Josué, Lara, Leão, Leiria, Lemos, Lobo, Lombroso, Lopes, Lousada, Macias, Machado, Machorro, Martins, Marques, Mascarenhas, Mattos, Meira, Melo, Mello e Canto, Mendes, Mendes da Costa, Mesquita, Miranda, Montesino, Morão, Moreno, Morões, Mota, Moucada, Negro, Neto, Nunes, Oliveira, Osório (Ozório), Paiva, Pardo, Pereira, Pessoa, Pilão, Pina, Pinheiro, Pinto, Pimentel, Pizarro, Preto, Querido, Rei, Ribeiro, Rodrigues, Rosa, Sarmento, Salvador, Silva, Soares, Souza, Teixeira, Teles, Torres, Vaz, Vargas, Viana.
sobrenomes identificados em listas voltadas à diáspora sefardita:
Almeida, Avelar, Bravo, Carvajal, Crespo, Duarte, Ferreira, Franco, Gato, Gonçalves, Guerreiro, Leão, Lopes, Leiria, Lobo, Lousada, Machorro, Martins, Montesino, Moreno, Mota, Macias, Miranda, Oliveira, Osório, Pardo, Pina, Pinto, Pimentel, Pizarro, Querido, Rei, Ribeiro, Salvador, Torres, Viana.
Surnames típicos brasileiros com possíveis raízes sefarditas, conforme estudo “Dicionário Sefaradi de Sobrenomes”:
Souza, Miranda, Pinto, Silva
Exemplos destacados por origem toponímica com raízes judaicas:
Arruda — sobrenome português considerado sefardita, muito encontrado no Brasil
Pinheiro — também listado como possível sobrenome sefardita de origem portuguesa
Coelho — com histórico associado a famílias sefarditas, indicado como correlato fonético de “Cohen”
Da Costa — adotado por sefarditas após a conversão forçada; usado por descendentes no Brasil
Bezerra — família “conversos” que chegaram ao Brasil ainda no século XVI
Nem todos os descendentes mantiveram sobrenomes judaicos originais, mas alguns nomes são frequentemente encontrados em listas sefarditas.
Porém, atenção: ter um sobrenome presente nessas listas não é prova definitiva de ascendência sefardita. É preciso comprovar documentalmente a linha de descendência.
3. Onde pesquisar documentos
A busca genealógica para ascendência sefardita pode envolver diferentes países e tipos de registros:
- Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Portugal) — processos da Inquisição, registros notariais, testamentos e inventários.
- Arquivos eclesiásticos — registros de batismo, crisma e casamento de cristãos-novos.
- Arquivos nacionais e estaduais no Brasil — registros de imigração, certidões antigas e inventários.
- Acervos internacionais — Holanda, Marrocos, Turquia, Grécia e países da América Latina, onde houve forte presença sefardita.
- Bancos de dados online — JewishGen, Sephardic Genealogy e listas de comunidades judaicas.
4. Cidadania portuguesa e espanhola para descendentes
Tanto Portugal quanto Espanha têm leis que permitem a solicitação de cidadania para descendentes diretos de judeus sefarditas expulsos.
O processo exige:
- Árvore genealógica completa ligando você ao antepassado sefardita.
- Certidões e documentos históricos que comprovem a ligação.
- Certificado emitido por comunidade judaica reconhecida (Lisboa ou Porto, no caso de Portugal).
5. Desafios da pesquisa
Pesquisar essa ascendência não é simples. É comum enfrentar:
- Mudança de sobrenomes ao longo das gerações.
- Falta ou fragmentação de registros históricos.
- Necessidade de traduzir documentos em línguas antigas (português arcaico, espanhol, hebraico, ladino).
Por isso, é recomendável contar com apoio profissional ou associações especializadas em genealogia sefardita.
Pesquisar sua ascendência entre os judeus sefarditas é um trabalho que une história, cultura e identidade. Além de abrir portas para a cidadania portuguesa ou espanhola, essa jornada reconecta famílias ao passado e preserva a memória de um povo que resistiu e se espalhou pelo mundo.
Se você acredita ter origem sefardita, comece reunindo todos os documentos familiares disponíveis e prepare-se para uma pesquisa que pode atravessar séculos e continentes.